R. Piauí
Visita a um ex-presidente
Itamar Franco esperava na porta da sala, às 15h30 em ponto, conforme o combinado.
Antes mesmo de alcançar a mesa de reuniões, avisou: “Me chame de Itamar e de você.
Não sou mais presidente, não sou senador, não sou ministro”.
Usava terno cinza, camisa de listas, gravata creme com estampas azuis e um broche com as bandeirinhas cruzadas de Minas Gerais e do Brasil.
No pulso esquerdo, um lustroso relógio dourado.
Mais magro que nos tempos da presidência, abandonou a armação estilo aviador e agora adota óculos ovalados pretos, da marca Giorgio Armani.
O topete ainda se equilibra firme, mas dá a impressão de estar um pouco mais ralo.
Em seu escritório, no último andar do prédio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde desde março ocupa o cargo de presidente do Conselho de Administração, Itamar havia separado uma pilha de papéis.
Eram recortes de jornal, um livro, Xerox de documentos e cinco folhas digitadas por ele próprio, nas quais registrara seus pensamentos sobre temas atuais, como éticas e assistencialismo.
Mal se sentou, apressou-se em sacar uma dessas folhas.
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